Tempo, cotidiano e suas quebras, tédio, freqüência, perpetuação. Nossa percepção sobre o tempo depende de todos esses fatores. O tempo que percebemos passar é o tempo diretamente associado com fatos marcantes, calculamos o tempo partindo desse pensamento. Vou denominar esses fatos marcantes como "Quebra do Cotidiano".
O cotidiano pressupõe tédio, monotonia, uma freqüência muito longa e cansativa que se repete sem parar, a quebra desse cotidiano acaba com o tédio e forma um ponto de referência temporal (um show, uma saída com os amigos, um namoro, uma boa conversa...) desritimando o cotidiano e criando uma perpetuação do momento.Essa idéia não se aplica somente à vida e aos períodos curtos de tempo, essas quebras de cotidiano aconteceram no final do século XIX e início do século XX no campo das artes, com as vanguardas européias, que quebraram padrões de arte e criaram uma arte nunca vista antes, foi contestada por muitos críticos mas, mesmo estes críticos, não podem negar que os padrões de arte e o cotidiano artístico foram quebrados, o cotidiano também faz parte da história, o tédio e o descontentamento são os grandes produtores das revoluções, mas o que estudamos são as revoluções, não suas causas a longo prazo.
Os momentos que quebram cotidianos de tédio são mais lembrados que os momentos que não quebram o tédio, por isso são momentos perpetuados, criando pontos de referência como se fossem estacas coloridas cravadas no tempo.
O ser humano tem buscado, em sua ânsia contra o tédio, sair cada vez mais e se divertir, essa busca constante acaba gerando uma freqüência determinada para a quebra do tédio, o que cria um cotidiano para isso e acaba se transformando em tédio novamente.
A diversão é algo que não possui tempo pré definido para tal, ela apenas existe se for independente do momento e não determinada por uma freqüência, porém o ser humano busca uma padronização e organização da vida, o que acarreta o próprio tédio.
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